Eula's World

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sexta-feira, 30 de abril de 2010

Poesia


Definitivo

Definitivo, como tudo o que é simples.
Nossa dor não advém das coisas vividas,
mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.

Sofremos por que? Porque automaticamente esquecemos
o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossa projeções irrealizadas,
por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado do nosso amor e não conhecemos,
 por todos os filhos que gostaríamos de ter tido junto e não tivemos,
por todos os shows e livros e silêncios que gostaríamos de ter compartilhado
e não compartilhamos.
Por todos os beijos cancelados, pelo eternidade

Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco,
mas por todas as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema,
para conversar com um amigo, para nadar, para namorar

Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco,
mas por todos os momentos livres em que poderíamos estar confidenciando a ela
nossas mais profundas angústias se ela tivesse interessada em nos compreender

Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada.

Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo confiscado de nós,
impedidndo assim que mil aventuras nos aconteçam
todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.

Por que sofremos tanto por amor?
O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos conhecido uma pessoa
tão bacana, que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez companhia
por um tempo razoável, um tempo feliz.

Como aliviar a dor do que não foi vivido? A resposta é simples como um verso:

Se iludindo menos e vivendo mais!!
A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida
está no amor que não damos, nas forças que não usamos,
na prudência egoísta, que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento
perdemos também a felicidade

A dor é inevitável.
O sofrimento é opcional...


Carlos Drumond de Andrade


 

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